Com seu caderninho de anotações e óculos de aros de aço, o escritor e jornalista John dos Passos, autor de alguns dos maiores clássicos da literatura americana, como Manhattan Transfer e a Trilogia USA , fez sua primeira viagem pelo Brasil em 1948, a serviço da revista Life . Depois de mais duas visitas, em 1958 e 1962, completou O Brasil em movimento - um livro publicado originalmente em 1963 e que pode ser visto por olhos de hoje como um grande documentário. Cenas inesquecíveis, imagens precisas e diálogos reveladores foram captados nas visitas e editados com o apuro de um mestre. Considerado em sua época o maior expoente da chamada "Geração Perdida", que incluía astros da literatura como Scott Fitzgerald e Ernest Hemingway. Dos Passos tinha ascendência portuguesa e mesmo sem se expressar bem na língua do avô paterno, que migrara da ilha da Madeira para os Estados Unidos em meados do século XIX, ele entendia bem o português. E isso o ajudou a nos apresentar um retrato de corpo inteiro do país em desenvolvimento onde faltavam estradas e latrinas, mas sobrava confiança no dia de amanhã. Como testemunha das mudanças que ocorreram no país entre as décadas de 1940 e 1960, e já tendo incorporado o hábito do cafezinho, dos Passos travou um caloroso relacionamento com todos os tipos brasileiros: desde os trabalhadores que abriam as estradas no Centro-Oeste e Norte do país até o presidente Juscelino Kubitschek, que entrevistou durante a construção de Brasília. De Manaus, disse ser "tão impregnada do século XIX quanto uma história de Júlio Verne". Brasília o fez lembrar de uma frase de um astronauta russo "Eu não esperava chegar a Marte tão cedo". Indo de norte a sul do país, dos Passos apresenta um Brasil desconhecido não apenas para os americanos, mas também para a maioria dos brasileiros. Esta nova edição de O Brasil em movimento dá ao leitor a oportunidade de comparar o futuro que John dos Passos via para o Brasil e o futuro que se faz presente.