Publicado pela primeira vez em plena ditadura militar, o poema que dá título à obra ganhou primeira página do Jornal do Brasil da época, foi traduzido para o francês, inglês, espanhol e alemão, transformado em pôsteres e colocado em escritórios, sindicatos, universidades e bares. Nascido de uma pergunta lançada pelo político Francelino Pereira, líder do governo Geisel, 'Que país é este?' desencadeou um debate nacional, com resposta em versos de Affonso para políticos como Fernando Gabeira, cientistas políticos como Roberto DaMatta e Raymundo Faoro, entre outros. Com a coletânea, o poeta traça, de maneira lírica, o panorama do Brasil nos anos 60, sob o jugo de uma ditadura militar. Affonso Romano de Sant'Anna canta a tristeza de ver sua geração desfazendo-se em terços - um terço exilada, outro terço fuzilada e mais um terço desesperada. Canta a sua canção do exílio, a sua desolação de não ter um país, de não comandar a sua vida - em termos políticos. E ironiza o mito do 'povo brasileiro' - caracterizado como gentil, alegre, cordato, solícito - dizendo, com propriedade, que povo também são os falsários, os corruptos, os injustos, os sifilíticos, os artistas, propondo a complexificação do termo.