Nesse livro o autor percorre mais uma vez os labirintos da memória principalmente a memória da infância a qual Santo Agostinho no trecho escolhido como epígrafe afirma já não existir no presente mas existir no passado que já não é. O discurso da memória que organiza lembranças e esquecimentos cria também recordações: a memória tem aquela qualidade nebulosa e fugidia. O que é experiência tornada relato? O que é experiência transformada em narrativa? Aquilo de que nos lembramos necessariamente corresponde à verdade dos acontecimentos? Quem pode atestar a verdade do que se lembra? O outro? Como se ele próprio também fosse submetido às mesmas contingências? Bartolomeu recria a infância com a poética das palavras: os sentimentos vividos os episódios cuidadosamente guardados se extravasam em linguagem permeada de música e de silêncio que rompe as fronteiras do tempo.