Embora concebida como física social, a sociologia comteana possui profundas implicações ideológicas, que nos remetem, sobretudo, à questão da luta de classes. Sob o princípio "progresso dentro da ordem ", Comte demonstrou a existência de leis sociais fundadas em insuperáveis desigualdades biológicas às quais a classe operária, em particular, deveria submeter-se. A Religião da Humanidade, criada por Comte , é a expressão prática da física social e tem evidente destinação política: volta-se aos proletários e às mulheres para legitimar moralmente o pacto político positivista, fundado " em deveres, ao invés de direitos". Na segunda metade do século XIX, a filosofia e a religião encontraram no Brasil e na América Latina, por assim dizer, a sua terra prometida.