Este livro narra a história do conceito de governo no Ocidente, desde suas origens patrísticas — o regimen como arte de conduzir as almas (século VI) — até sua fixação no vocabulário jurídico-administrativo do Estado moderno (século XVII). Seu objetivo, porém, não é reconstituir as etapas de uma secularização progressiva, mas realçar as mutações que conduziram, por volta do final da Idade Média, à inversão das relações entre o regimen e o regnum (no sentido do poder monárquico). Contrariamente à ideia de que o governo pressupõe a existência do Estado, o autor demonstra que, durante séculos, foram as exigências do regimen que definiram as condições de exercício de poder. É preciso esperar o século XVI — após Maquiavel — para que o Estado, fruto de uma evolução secular mas trazido por uma crise sem precedente, se imponha como o fundamento da ordem civil e constitua o princípio das práticas governamentais. É então que o regimen — e, com ele, uma certa figura do príncipe virtuoso — se eclipsa no direito do soberano.